quarta-feira, 11 de julho de 2012

O Caso Bulgária


As Testemunhas de Jeová já podem aceitar sangue... na Bulgária!



Mas...
não diga a ninguém que, nos bastidores,
não houve mudança de doutrina e as punições continuam!!!






"As Testemunhas de Jeová foram oficialmente registradas na Bulgária em 7 de outubro de 1998. Nós nos unimos aos 946 publicadores ali em apresentar nossos agradecimentos a Jeová por este progresso."

- Fonte: Mensário Nosso Ministério do Reino de fevereiro de 1999, página 2.

O QUE ESTAVA OCORRENDO
Talvez você saiba que o governo da Bulgária esteve criando problemas legais para as Testemunhas de Jeová. O governo argumentava que não forneceria permissão legal para o livre funcionamento da religião no país por ela constituir uma ameaça às autoridades e à saúde pública. (Em razão da proibição das transfusões de sangue) A Watchtower recorreu então à Comissão Europeia de Direitos Humanos, e conseguiu um acordo para que o governo búlgaro desse livre passagem para a obra das Testemunhas.

O ACORDO
Neste acordo, a Watctower se submeteu a fazer um compromisso público que, da forma como colocado, pode surpreender alguns que passem a ter conhecimento dos termos do mesmo - exatamente assim como aconteceu comigo. Recoloco aqui os termos do acordo entre a Watchtower e o governo da Bulgária, utilizando como intermediador a Comissão Europeia de Direitos Humanos. Note parte do que diz o Relatório da Comissão Europeia dos Direitos Humanos, Requerimento n.º 28626/95, ACTJ da Bulgária v. Bulgária, de 9/3/1995, Parte II, pág. 4 § 17:



"Com respeito a posição das Testemunhas de Jeová em relação ao sangue.... os pacientes Testemunhas de Jeová recorrendo sistematicamente a tratamentos médicos para si mesmos e para os seus filhos, o farão usando de seu próprio livre arbítrio, sem nenhum controle e sanção por parte da requerente." (grifo acrescentado)

Quando pela primeira vez tomei conhecimento desta declaração, isto caiu como uma bomba em minha cabeça. Afinal, tendo estado naquela ocasião por mais de 16 anos como membro publicador e 13 batizado, sempre depositei confiança cega na liderança da religião que eu tinha abraçado havia tempo. Imagino que, se é a primeira vez que lê o acima, também esteja na mesma situação. Destaco abaixo aquilo que vi de grave nesta citação, e que pessoalmente comprovei como sendo veraz após uma pesquisa direta do site oficial da Corte Europeia de Direitos Humanos:
A Watchtower afirma que não existe nenhuma sanção contra aquele que aceita uma transfusão de sangue. A liderança das Testemunhas de Jeová considera "dissociado" o transfundido impenitente. Naturalmente, tanto quanto acontece com um "desassociado", as Testemunhas terão que evitar contato com o dissociado, até mesmo ao ponto de não o cumprimentar - exatamente, o mesmo tratamento dispensado aos desassociados. O que é isso senão uma sanção imposta aos que recebem a transfusão? E mesmo que o indivíduo mostre arrependimento, terá todos os privilégios que possua na congregação cassados. Não mais poderá dar comentários na reunião pública, não mais poderá participar na Escola do Ministério Teocrático, e se for um Pioneiro, Servo Ministerial ou Ancião perderá seu cargo. Leitor, o que são todas estas coisas, senão "sanções" impostas aos que aceitam transfusões?
Para entender melhor este assunto, veja o vídeo abaixo:

Crédito: Paulo Savio

A reação natural de uma Testemunha de Jeová é rechaçar a matéria aqui exposta como sendo mentirosa ou uma deturpação dos fatos. No entanto, caso seja esta a situação, seria sábio utilizar os dados referentes a declaração acima e verificar (para comprovar) que não existe nada de exagerado, mentiroso ou fora de contexto no que aqui é exposto. Assim, através de uma verificação, ficará definitivamente claro que tem a tendência de utilizar argumentos pouco honestos em suas declarações.
Vamos comprovar?
A seguir, repare o destaque na imagem de um trecho do Relatório da Comissão copiada do site oficial da Corte Europeia de Direitos Humanos:





Prefere ler isso direto do site oficial da Corte Europeia de Direitos Humanos? Então, clique aqui.
Prefere buscar você mesmo o local onde está a informação? Veja como chegar ao link passo a passo, siga às dicas:




1º PASSO
Acesse o portal de busca do site oficial da Corte Europeia de Direitos Humanos.
Clique no endereço que é esse aqui, ó: http://www.echr.coe.int/echr/en/hudoc/
Abrirá a seguinte página:





2º PASSO
Tendo em vista a imagem acima, clique em "HUDOC database".
Em resultado, abrirá a página abaixo. E, como mostrado na figura, preencha-a assim, ó:
1º Clique em HUDDOC Collection
2º No campo Application Number, digite "28626/95" (coloque as aspas)
3º Clique em Search





3º PASSO
Em resultado, abrirá a página mostrada abaixo.
Daí, clique no segundo link.


Em resultado, abrirá a página com a Resolução, que copiei e colei abaixo.
A parte destacada em azul é a que foi traduzida logo na abertura deste artigo.
(Dica: Com o texto em inglês e em francês, use o tradutor do Google.)



EUROPEAN COMMISSION OF HUMAN RIGHTS


                   Application No. 28626/95


Khristiansko Sdruzhenie "Svideteli na Iehova" (Christian Association Jehovah's Witnesses)

                            against

                           Bulgaria


                   REPORT OF THE COMMISSION

                   (adopted on 9 March 1998)

                       TABLE OF CONTENTS


                                                          Page




INTRODUCTION. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .1


PART I  : STATEMENT OF THE FACTS. . . . .  . .3


PART II : SOLUTION REACHED. . . . . . . . . . .  . .4
 

                         INTRODUCTION


1.   This Report relates to the application introduced under Article 25 of the European Convention for the Protection of Human Rights and Fundamental Freedoms by Khristiansko Sdruzhenie "Svideteli na Iehova" (Christian Association Jehovah's Witnesses) against Bulgaria on 6 September 1995.  The application was registered on 21 September 1995 under file No. 28626/95.

2.   The applicant association was represented by  MM Alain Garay and Philippe Goni, lawyers practising in Paris.

3.   The Government of Bulgaria were represented by their Agent, Mrs Guenka Beleva and, subsequently, by Mr Vladimir Sotirov of the Ministry of Foreign Affairs and by Mrs Violina Djidjeva, co-agent.

4.   On 3 July 1997 the Commission declared the application admissible.  It then proceeded to carry out its task under Article 28 para. 1 of the Convention which provides as follows:

     "In the event of the Commission accepting a petition referred to it:

     a.   it shall, with a view to ascertaining the facts, undertake together with the representatives of the parties an examination of the petition and, if need be, an investigation, for the effective conduct of which the States concerned shall furnish all necessary facilities, after an exchange of views with the Commission;

     b.   it shall at the same time place itself at the disposal of the parties concerned with a view to securing a friendly settlement of the matter on the basis of respect for Human Rights as defined in this Convention."

5.   The Commission found that the parties had reached a friendly settlement of the case and on 9 March 1998 adopted this Report, which, in accordance with Article 28 para. 2 of the Convention, is confined to a brief statement of the facts and of the solution reached.

6.   The following members were present when the Report was adopted:

          MM   S. TRECHSEL, President
               J.-C. GEUS
               M.P. PELLONPÄÄ
               E. BUSUTTIL
               G. JÖRUNDSSON
               A.S. GÖZÜBÜYÜK
               A. WEITZEL
               J.-C. SOYER
               H. DANELIUS
          Mrs  G.H. THUNE
          MM   F. MARTINEZ
               C.L. ROZAKIS
          Mrs  J. LIDDY
          MM   L. LOUCAIDES
               M.A. NOWICKI
               I. CABRAL BARRETO
               B. CONFORTI
               N. BRATZA
               I. BÉKÉS
               J. MUCHA
               D. SVÁBY
               G. RESS
               A. PERENIC
               C. BÎRSAN
               K. HERNDL
               E. BIELIUNAS
               E.A. ALKEMA
               M. VILA AMIGÓ
          Mrs  M. HION
          MM   R. NICOLINI
               A. ARABADJIEV



                            PART I


                    STATEMENT OF THE FACTS


7.   The applicant is a religious association based in Sofia.

8.   The applicant association was founded and registered in 1991 under the Persons and Family Act.  In 1994 the Act was amended to the effect that religious associations were required to re-register subject to the consent of the Council of Ministers.  The registration of an association which had not received authorisation to re-register from the Council of Ministers was to be cancelled.

9.   The applicant association applied to the Council of Ministers for authorisation to re-register.  The Council of Ministers did not react to the applicant's requests for a hearing.  On 28 June 1994 the Council of Ministers adopted Decision No. 255 thereby refusing authorisation. The decision stated that it was based on Section 133a and the transitional provision of the Persons and Family Act; no further reasoning was provided.

10.  The applicant association did not receive an official copy of this decision.  Members of the applicant association first became aware of its contents on 5 August 1994 during a police action in the town of Haskovo.  On 9 September 1994 Decision No. 255 was published in the State Gazette, the official organ of the State.

11.  On 15 September 1994 the applicant association appealed to the Supreme Court against Decision No. 255.  On 13 March 1995 the Supreme Court dismissed the appeal.  The Court found that it could only examine whether the Council of Ministers had acted within its competence.

12.  Following the adoption of Decision No. 255 various measures were taken against the activities of the applicant association and of its members.  These included arrests, dispersal of meetings held in public and private locations and confiscation of religious materials.

13.  Before the Commission the applicant association complained under Articles 9, 10, 11 and 14 of the Convention of the suspension of its registration and activities.  The applicant association also complained under Article 6 of the Convention that it had no access to a court competent to decide on the merits.  The applicant association further complained under Article 10 of the Convention of hostile media reports, including interviews with public officials, and of the alleged impossibility to publish material in response.


                            PART II


                       SOLUTION REACHED


14.  Following the decision on the admissibility of the application, the Commission placed itself at the disposal of the parties with a view to securing a friendly settlement in accordance with Article 28 para. 1 (b) of the Convention and invited the parties to submit any proposals they wished to make.

15.  In accordance with the usual practice, the Secretary, acting on the Commission's instructions, contacted the parties to explore the possibilities of reaching a friendly settlement.

16.  By letters of 8 and 12 September 1997 the parties indicated their willingness to reach a friendly settlement.  The parties exchanged correspondence and proposals for a friendly settlement and held meetings in Sofia on 20 and 21 November 1997.  On 17 January 1998, upon the parties' request, the Commission made proposals to the parties with a view to resolving some remaining differences in their positions.  The parties again met in Sofia on 10 February 1998.

17.  By letters of 10 and 11 February 1998 the parties informed the Commission of the final text of the friendly settlement.  This text, compiled on the basis of the correspondence received from the parties, reads as follows:


     "I. Concernant la substitution du service militaire par un service alternatif, le Gouvernement Bulgare s'engage à déposer au Parlement un projet de loi, dans les meilleurs délais, instituant un service civil alternatif au service militaire.

     1.1. Le projet, selon l'avis de la requérante, répond aux exigences des objecteurs de conscience, fidèles des Témoins de Jéhovah, qui souhaitent effectuer un service civil alternatif en remplacement du service militaire.

     1.2. Le projet de loi définitif, déposé par le Conseil des Ministres au Parlement, sera soumis immédiatement à la Commission européenne des Droits de l'Homme.


    II. Concernant la position des Témoins de Jéhovah sur le sang, la requérante s'engage à rédiger une déclaration, qui sera annexée de façon intégrante aux statuts des Témoins de Jéhovah de Bulgarie en vue de son immatriculation, stipulant que :

     2.1. - les patients Témoins de Jéhovah recourent systématiquement aux soins médicaux pour eux-mêmes et leurs enfants ; il appartient à  chacun d'entre eux d'utiliser son libre arbitre, sans aucun contrôle et sanction de la part de la requérante ;

     2.2. - s'agissant du respect de la législation sanitaire bulgare, l'association chrétienne les Témoins de Jéhovah de Bulgarie s'engage à respecter son application,
y compris :

     2.2.1. - en ne fournissant pas de déclaration préalable de refus de transfusion de sang aux personnes mineures;

     2.2.2. - en ce qui concerne les personnes majeures, en observant les dispositions de ladite législation et en reconnaissant à chaque individu la liberté de choix.


     III. Concernant la reconnaissance du culte des Témoins de Jéhovah, par l'Etat Bulgare, comme religion officielle :

     3.1. L'association chrétienne les Témoins de Jéhovah s'engage à retirer sa requête contre la Bulgarie déposée devant la Commission européenne des Droits de l'Homme ;

     3.2. En conséquence, compte tenu du retrait de la requête, le Gouvernement Bulgare, s'engage à immatriculer les Témoins de Jéhovah en Bulgarie, en tant que culte, conformément à la loi sur les confessions religieuses.

     3.3. En conséquence, compte tenu du retrait de la requête, le Gouvernement Bulgare s'engage également à révoquer le point 16 de l'annexe 2 au point 4 de l'arrête du Conseil des Ministres n° 255 de 1994.


     IV.  Seront appliquées les modalités techniques suivantes, concernant la radiation de la requête, étant donné la décision d'immatriculer les statuts de l'association à Sofia :

     4.1. L'association requérante dépose à la Direction des Affaires religieuses les statuts, conformes aux termes du présent règlement amiable, et les autres documents exigés pour l'immatriculation.

     4.2. Après examen, la Direction des Affaires religieuses constate la conformité des statuts aux termes du présent règlement amiable et se prononce pour l'immatriculation de l'association requérante.

     4.3. L'association requérante retire sa requête N° 28626/95.

     4.4. La Direction des Affaires religieuses immatricule l'association requérante conformément aux  termes du présent règlement amiable."


18.  At its session on 9 March 1998, the Commission noted that the parties had reached an agreement regarding the terms of a settlement. It further considered, having regard to Article 28 para. 1 (b) of the Convention, that the friendly settlement of the case had been secured on the basis of respect for Human Rights as defined in the Convention.


     For these reasons, the Commission adopted the present Report.


        M. de SALVIA                        S. TRECHSEL
         Secretary                           President
      to the Commission                   of the Commission
 


Em 27 de abril de 1998, a Watchtower publicou no NoBlood.com um comunicado   negando mudança em sua doutrina religiosa sobre transfusão de sangue. Note (Tradução Google)

Em 9 de março de 1997, a Comissão Europeia de Direitos Humanos decidiu aceitar o acordo amigável acordado pelo Governo da Bulgária e a Associação Cristã das Testemunhas de Jeová (Khristiansko Sdruzhenie "Svideteli nd Iehova"). Palavra de esta decisão atingiu os advogados dos Testemunhas em 20 de março de 1998.

Bulgária concordou em conceder à Associação Cristã de reconhecimento das Testemunhas de Jeová como uma religião. A Bulgária também concordou em criar de imediato um projeto de lei que permitirá que o serviço civil alternativo para aqueles cuja consciência não permite que eles integrem no serviço militar. O acordo também inclui um reconhecimento de que cada indivíduo tem a liberdade de escolher o tipo de tratamento médico que recebe. Com o acordo amigável, as Testemunhas concordou em retirar sua queixa contra a Bulgária.

As Testemunhas de Jeová estão satisfeitas que, através de uma comunicação aberta, um acordo amigável foi feito entre a Associação Cristã das Testemunhas de Jeová e o Governo da Bulgária. Os termos do acordo não refletem uma mudança na doutrina das Testemunhas de Jeová. Pelo contrário, o acordo reflete uma maior compreensão das preocupações e ações de ambas as partes.

A denúncia perante a Comissão veio porque, em 28 de junho de 1994, o Conselho de Ministros búlgaro se recusou a renovar registro da Associação como uma religião. Na sequência desta decisão, "foram tomadas várias medidas contra as atividades dos [Testemunhas de Jeová] e dos seus membros. Estes incluíram prisões, dispersão de reuniões realizadas em locais públicos e privados e de confisco de materiais religiosos ", segundo o relatório da Comissão.

"O associado com mais de 2.000 Testemunhas de Jeová na Bulgária se sentir confiante de que este acordo irá permitir-lhes a liberdade de praticar sua religião na Bulgária", disse Alain Garay, um dos advogados das Testemunhas de Jeová. "Não só isto é um avanço para a liberdade religiosa na Bulgária, mas dá um exemplo de liberdade religiosa em todos os estados com participação no Conselho da Europa."

Testemunhas de Jeová, uma organização internacional fraternidade cristã, número cerca de cinco milhões em todo o mundo. Atualmente, mais de 85.000 congregações, em cerca de 230 terras, operar em conjunto com 104 filiais.


Note a carta que a liderança enviou "a todas congregações" da Espanha:







Fonte desse artigo: http://indicetj.com

terça-feira, 3 de julho de 2012

Testemunhas de Jeová, Aniversários e Paganismo


Nada há, no assunto agora tratado, de dramático, vital ou de sérias consequências. Não achamos que é algo que tenha a ver com a salvação, ganhar ou perder a aprovação de Deus, uma questão de vida ou morte. Antes, este assunto será considerado como representativo de tantos outros em que a Sociedade Torre de Vigia (dos EUA), ou STV, alegando ter autorização divina e inspirando-se tão somente na opinião de homens que num determinado momento estavam na sua liderança, impõe opiniões e conceitos, estes sim, como se fossem dramáticos e vitais, de sérias consequências, questões de vida e morte que podem levar à desaprovação de Deus. Ilustra também os raciocínios casuísticos, arbitrários, esdrúxulos e às vezes até contraditórios, com que a liderança da Torre de Vigia, seu corpo governante, transforma em leis de Deus as ideias de homens imperfeitos. 

Muitos já sabem que até meados dos anos 20 do século passado os membros da organização Torre de Vigia (então chamados Estudantes da Bíblia) participavam livremente em festejar aniversários, com todos os aspectos e elementos que deles fazem parte. Hoje, como é bem sabido por aqueles que são conhecidos, vizinhos, parentes e colegas de escola e trabalho de Testemunhas de Jeová, estas evitam totalmente tais celebrações. 
  
Os Motivos da Torre de Vigia

Conhecimento Que Conduz à Vida Eterna (1995), páginas 126-127: 
A Bíblia menciona especificamente apenas dois aniversários natalícios, ambos de homens que não serviam a Deus. (Gênesis 40:20-22; Mateus 14:6-11) Já que as Escrituras não revelam a data do nascimento de Jesus Cristo, que foi um homem perfeito, por que deveríamos dar atenção especial ao aniversário de pessoas imperfeitas? 
  
O Que A Bíblia Realmente Ensina? (2005), página 157: 
Existe ainda outro motivo pelo qual os cristãos do primeiro século não comemorariam o aniversário de nascimento de Jesus. Eles provavelmente sabiam que as comemorações de aniversário natalício tinham ligação com superstições. Por exemplo, muitos gregos e romanos dos tempos antigos acreditavam que um espírito acompanhava o nascimento de cada ser humano e o protegia pelo resto da vida. “Esse espírito tinha uma relação mística com o deus cuja data de nascimento era a mesma que a da pessoa”, diz o livro The Lore of Birthdays (A Tradição dos Aniversários Natalícios). 

A STV cita ainda (sem menção a aniversários), o cardeal católico John Henry Newman. 
Revelação – Seu Grandioso Clímax está Próximo! (1989), página 236, rodapé: 

 “O emprego de templos, e estes dedicados a certos santos, e enfeitados em ocasiões com ramos de árvores; incensolâmpadas evelasofertas votivas ao restabelecer-se de doenças; água benta; asilos; dias santos e estações, uso de calendários, procissões, bênçãos dos campos, vestimentas sacerdotais, a tonsura, a aliança nos casamentos, o virar-se para o Oriente, imagens numa data ulterior, talvez o cantochão e o Kyrie Eleison [o canto “Senhor, Tende Piedade”], são todos de origem pagã e santificados pela sua adoção na Igreja.” 
  
Já que este serviu de referência à STV com relação a coisas de origem pagã, vale a pena perguntar: Até que ponto é exata a afirmação do cardeal Newman? Analisemos alguns dos itens por ele alistados: 

Incenso – Apesar de apresentado como de origem pagã, veja o que a Bíblia diz sobre o incenso em Êxodo 30:1: 

E farás um altar para queimar o incenso; de madeira de acácia o farás.(ACF) 
Estas foram palavras do próprio Deus. Partiu dele a ordem quanto ao uso de incenso pelos israelitas. Os pagãos o usavam também, mas isto não foi empecilho para que não fizesse parte da adoração do verdadeiro Deus. 
Lâmpadas – Levítico 24:1-4 nos fala sobre lâmpadas sendo usadas na adoração do Deus da Bíblia: 

E falou o SENHOR a Moisés, dizendo: Ordena aos filhos de Israel que te tragam azeite de oliveira, puro, batido, para a luminária, para manter as lâmpadas acesas continuamente. Arão as porá em ordem perante o SENHOR continuamente, desde a tarde até à manhã, fora do véu do testemunho, na tenda da congregação; estatuto perpétuo é pelas vossas gerações.  Sobre o candelabro de ouro puro porá em ordem as lâmpadas perante o SENHOR continuamente. (ACF) 

Uma vez mais, equivocou-se o cardeal Newman. Além de usada na adoração pagã, a lâmpada tinha seu lugar também na adoração dos israelitas. 
Velas – A palavra “velas” (para iluminação, não a dos barcos) não ocorre na Bíblia, mas há referência a elas sendo usadas em celebrações religiosas israelitas. 
O Homem em Busca de Deus (1990), página 230: 

Hanucah – Festividade da Dedicação. Festividade popular realizada em dezembro, que comemora a restauração, pelos macabeus, da independência judaica da dominação siro-grega e a rededicação do templo em Jerusalém, em dezembro de 165 AEC. Em geral destaca-se por se acender velas durante oito dias

Destaque-se ainda que embora esta celebração religiosa não tivesse sido ordenada pela lei de Moisés, Jesus não achou impróprio participar dela. 
O Maior Homem Que Já Viveu (1991), capítulo 80: 

JESUS veio a Jerusalém para a Festividade da Dedicação, ou Hanukkah, a festividade que comemora a rededicação do templo a Jeová
Portanto, as velas EM SI, não trazem nenhum problema. O que deve contar é a INTENÇÃO com que são usadas. Se os pagãos as utilizavam com determinado significado, certamente não era o caso de quando os israelitas as empregavam. 
Vestimentas sacerdotais – Também é significativo que vestimentas sacerdotais não eram exclusividade da religião pagã. O próprio Deus determinou que se fizessem vestimentas sacerdotais para Arão e os demais sacerdotes, dando para isso instruções pormenorizadas. 


Êxodo 28:4: 
Estas pois são as vestes que farão: um peitoral, e um éfode, e ummanto, e uma túnica bordada, uma mitra, e um cinto; farão, pois, santas vestes para Arão, teu irmão, e para seus filhos, para me administrarem o ofício sacerdotal. 

É lógico que estas vestes do sumo sacerdote de Israel não eram iguais às de sacerdotes pagãos. O fato, porém, é que nem toda vestimenta sacerdotal é de origem pagã. 

Ofertas votivas ao restabelecer-se de doenças – Dependendo da motivação, do objetivo e do modo de se pagar um voto a Deus, o voto pode ter de fato algo oriundo do paganismo, mas será que isso torna errado todo e qualquer voto? Será um voto feito em relação ao restabelecimento de doenças algo que não tenha lugar na adoração bíblica? Vejamos isso com relação ao voto feito por Ana, mãe de Samuel, algo que nos dá o que pensar a respeito. 

1 Samuel 1:10, 11: 
Na amargura de sua alma, ela orou a Iahweh e chorou muito. E fez um voto, dizendo: “Iahweh dos Exércitos, se quiseres dar atenção à humilhação da tua serva e te lembrares de mim, e não te esqueceres da tua serva e lhe deres um filho homem, então eu o consagrarei a Iahweh por todos os dias da sua vida, e a navalha não passará sobre a sua cabeça.” (BJ) 

Aqui fez-se um voto relacionado com esterilidade, um problema físico. Pode-se considerar isto uma doença? Seja como for, parece não haver na Bíblia algo que o condene. Outra vez, exagerou o cardeal Newman em sua lista de coisas de “origem pagã”. Nem todos os itens são realmente prática exclusiva das religiões pagãs. 

Evidentemente, incenso, lâmpadas, velas e vestes sacerdotais não foram ordenadas como parte da adoração cristã. Mas não eram exclusividade do paganismo, como declara o cardeal Newman, citado nas publicações da STV. Na lista dele, porém, chama-nos a atenção a presença da aliança de casamento e a ausência da festa de aniversário. Assim, a lista do escritor citado falha não só por não ser exata como por não ser completa. 
  
Podemos, então, considerar as razões apresentadas nas publicações da STV para condenar as festas de aniversário. 

A STV alega a origem pagã do costume e como já vimos, ela destaca o fato de que os dois únicos aniversários que a Bíblia menciona são de pagãos. 

A Escola e as Testemunhas de Jeová (1983), p. 14: 
Mas, as únicas duas celebrações de aniversários natalícios mencionadas na Bíblia envolviam pessoas que não eram crentes verdadeiros. Eram o Faraó do Egito e o governante romano Herodes Ântipas, sendo que a celebração do aniversário deles teve resultados mortíferos. (Gênesis 40:18-22; Marcos 6:21-28) 

Raciocínios (1989) página 37: 
Tudo o que está na Bíblia tem uma razão de estar ali... As Testemunhas de Jeová notam que a Palavra de Deus relata desfavoravelmente as celebrações de aniversários natalícios, de modo que as evitam. 

Note que a STV diz acima que tudo o que está na Bíblia tem uma razão de ser e que ela “relata desfavoravelmente” as duas festas de aniversário registradas. 
Ora, o fato de que duas pessoas (o padeiro do Faraó e João Batista) foram mortas nestas duas ocorrências de aniversários registradas na Bíblia não quer absolutamente dizer que tais festas estejam erradas. A morte de Jesus, afinal, coincidiu com a celebração da Páscoa dos judeus, mas isso não ocorreu como parte das comemorações da Páscoa e nem tornou a Páscoa impura por isso. A festa de aniversário de Herodes Ântipas teria terminado sem ninguém ser morto se a enteada do rei não tivesse exigido isso dele como retribuição pela dança que apresentou na ocasião. 

Jesus esteve na festa de casamento em Caná da Galileia, onde, inclusive em resultado do milagre operado por ele, havia grande quantidade de vinho. (João 2:1-11) Se muitos nessa festa tivessem incorrido em beber demais e causado turbulência, constituiria isso motivo para que todas as festas de casamento fossem condenadas como maléficas? 

Leve-se em conta também coisas que já ocorreram em festas de casamento de Testemunhas de Jeová, relatadas pela Sentinela de 15 de outubro de 1984, página 17: 
“Alguns aproveitam as [festas de casamento] para se ‘soltar’. Raciocinam que oportunidades assim são poucas, de modo que querem aproveitá-las ao máximo para dar vazão à pressão, para dar rédea solta a desejos reprimidos no resto do tempo. Não é de admirar que o clima da festa fique turbulento.” – Europa. 
 “Parece que a celebração de casamento consiste em um discurso, comer um pouco e daí dançar até clarear o dia. Alguns acham que nas recepções podem beber mais do que de costume, e amiúde bebem demais.” – América Latina. 
 “A festa de casamento pode incluir ‘dançar até o dia amanhecer’. Algumas dessas festas são realmente mundanas – turbulentas, com muita bebida e danças mundanas. Muitos apelam para a ostentação, com roupas caras e muitas caixas de cerveja.” – África. 
Os exemplos citados acima pela Sentinela são exceções. A grande maioria das festas de casamento das Testemunhas de Jeová não é assim. Faria sentido, então, que a STV resolvesse condenar e proibir todas as festas de casamento de seus adeptos? Logicamente que não. Portanto, não se justifica condenar as festas de aniversário atuais com base nos eventos lamentáveis destas duas que a Bíblia relata. Do mesmo modo, o mero fato de que pagãos adotavam certo costume não significa que hoje ele esteja proibido para nós, como veremos a seguir. 
  
Precedente de Uma Era Distante 
Jacó e José, por exemplo, eram servos de Jeová, mas quando Jacó faleceu José mandou embalsamá-lo (costume religioso dos egípcios pagãos), e mais tarde o corpo do próprio José foi também embalsamado. (Gênesis 50:2, 3, 26). Evidentemente, Jacó e José não partilhavam das crenças pagãs egípcias. Jacó tinha pedido, ao morrer, para ser sepultado junto a seus pais, em Canaã (Gênesis 49:29). O embalsamamento de seu corpo talvez visasse a preservá-lo durante a viagem de vários dias através do deserto, rumo a Canaã. José também tinha determinado que, quando os israelitas deixassem definitivamente o Egito, levassem seus “ossos para fora” dali a fim de ser sepultado na Terra da Promessa. (Gênesis 50:24, 25) Foi embalsamado também provavelmente por esse motivo. 
Tanto num caso como no outro o que estava em jogo era a motivação. Esses dois aprovados servos de Jeová do passado não acharam que sua atitude seria interpretada por Deus como uma concessão a práticas religiosas pagãs. Elessabiam por que tinham tomado a decisão que tomaram. Estavam conscientes de sua motivação
  
Ausência de Proibição e Incoerência Humana 
Em parte alguma da Bíblia se proíbe a comemoração de aniversários. A principal razão apresentada é que os judeus e os primitivos cristãos não tinham o costume de celebrá-los. Seria isso razão suficiente para que os cristãos não os celebrassem atualmente? A Sentinela 1º de setembro de 1992, página 30, admite que: 
Alguns costumes que outrora eram de natureza religiosa já não o sãoem muitos lugares. A aliança, por exemplo, outrora tinha significado religioso, mas hoje em dia já não tem na maioria dos lugares. Por isso, muitos cristãos verdadeiros aceitam o costume local de usar aliançacomo evidência de estarem casados. 
E prossegue dizendo a Sentinela: 
Em tais assuntos, o que geralmente conta é se atualmente o costume em questão está vinculado com a religião falsa. 
Bem, se é isso o que conta, no nosso país e até onde nós sabemos em grande parte do mundo, ninguém atualmente relaciona festa de aniversário com qualquer espécie de religião. É só interrogar as pessoas comuns sobre o assunto. Toda TJ que dirige estudos domiciliares com pessoas de fora, sabe que elas ignoram a origem religiosa pagã do aniversário e só ficam sabendo disso quando informadas de que a STV os condena como sendo de origem pagã. Nem sempre é fácil convencê-las, pois além de a Bíblia não proibi-los elas normalmente não conseguem associar aniversários com religião. Se em algum lugar do mundo as festas de aniversário permanecem vinculadas a tradições ou superstições de cunho pagão, se as pessoas e a comunidade estão conscientes disso, cabe aos afetados decidir o que fazer. 
É verdade que os cristãos do primeiro século não festejavam aniversários. Viviam numa época em que tais festas estavam intrinsecamente ligadas à religião pagã e eram, de fato, festas religiosas. Era razoável que reagissem assim, mas como disse a Sentinela 1/9/92 acima citada, o aniversário natalício pode perfeitamente ser classificado como uma festa que “outrora tinha significado religioso, mas hoje em dia já não tem na maioria dos lugares.” Como acabamos de ver, a STV admite o uso das alianças de casamento (também de origem pagã) “hoje em dia”. A Bíblia não ordena seu uso, e usá-las ou não, é hoje uma questão pessoal. 
Agora, reflitamos um pouco: o que parece ter mais significado religiosoatualmente, a troca de alianças entre os noivos ou a festa de aniversário? Qual das duas costuma ocorrer numa igreja ou edifício religioso? Qual das duas costuma contar com a participação de um clérigo ou ministro religioso? A resposta parece bem clara e nem assim a STV condena o uso das alianças, no que tem razão, visto que a ideia da origem pagã está hoje ausente da mente das pessoas. 
Uma simples opinião humana (provavelmente a de Joseph Rutherford, nos anos 20) decretou o aniversário como proibido e a aliança como lícita. Sendo as duas coisas de origem pagã, é pura incoerência proibir uma enquanto se libera a outra. Foi uma decisão de cunho pessoal de QUEM tomou essa decisão lá na década de 20. 
Adicionalmente (e também surpreendentemente), A Sentinela 1º de abril de 1993, página 4, informa: 
A prática do batismo, porém, antecede à fé cristã. Era usada em Babilônia e no antigo Egito, onde se achava que as águas frias do Nilo aumentavam a força e concediam imortalidade. Também os gregos acreditavam que o batismo pudesse causar a regeneração ou pudesse conseguir a imortalidade para o iniciado. 
Portanto, o batismo também tem origem pagã, era praticado em Babilônia e no Egito em conexão com crenças supersticiosas, e nem por isso deixou de ser usado por João Batista bem antes de ser ordenado por Jesus em Mateus 28:19. Só depois é que foi adotado pelos discípulos de Cristo e por toda a comunidade cristã do primeiro século, que passaram a praticá-lo por ordem de Jesus, e, então, com um significado e uma motivação inteiramente diferentes das dos pagãos. Será que a origem pagã de algo tem o poder de contaminá-lo perpetuamente? A Bíblia não dá essa impressão. 
  
Piñatas e Pedras da Sorte 
A “piñata” (pronuncia-se “pinhata”) é uma tradição bastante difundida em certos países americanos. Trata-se de uma brincadeira que normalmente se dedica às crianças, mas pode envolver adolescentes e até adultos. Consiste em uma panela, recheada de doces, totalmente coberta por papel crepon, suspensa no ar a uma altura média de dois metros, onde o participante, vendado, tenta quebrá-la com um bastão e, consequentemente, liberar os doces. É especialmente popular no México, sob a forma de uma estrela de cinco ou mais pontas. 
Sobre a piñata conhecida no México, dizia a revista Despertai! 22 de dezembro de 1971, páginas 23-24: 
Ligações Religiosas 
 ...seu uso tornou-se parte de celebrações religiosas... Os materiais usados na confecção das piñatas são um pote de barro, papel crepom, um pouco de cola e papelão para dar forma à figura... Catequistas católicos empregavam piñatas ao darem instrução religiosa aos nativos índios. Eram usadas, por exemplo, em relação com a Quaresma... Na véspera da Páscoa, quebra-se uma piñata na forma de Judas Iscariotes, espalhando doces que as crianças disputam entre si... Aspiñatas passaram também a ser usadas em relação com o Natal... 
Parece pouco, mas falando de uma típica celebração mexicana relacionada com o Natal, a posada, prossegue a Despertai!: 
A celebração chega ao fim com a quebra da piñata... Os catequistas católicos deram grande significado ao uso da piñata em sua celebração religiosa. Ensinaram que piñata representa o Diabo ou um espírito mau. Hoje em dia, a Posada no México dá destaque à desordem, à bebedeira e atividade criminosa. Usam-se as celebrações como desculpa para o modo de vida desenfreado e imoral. Com frequência, pessoas são mortas, e outras são roubadas e feridas... A posadalembra a primitiva festa pagã romana de meados de dezembro, as Saturnais. O fato é que as enciclopédias dizem que esta festa pagã proveu o modelo para muitos costumes festivos do Natal, dentre os quais a Posada e o uso da piñata estão intimamente relacionados... Atualmente, porém, muitos dão pouca consideração aos aspectos religiosos da Posada e da quebra da piñata... Mas, muito embora o uso da piñata seja bastante popular em certos lugares, há os que têm sérias dúvidas quanto a ele devido às práticas da religião falsa ligadas a ele. 
O que entendemos deste artigo da Despertai! sobre a piñata? Colocou-a sob luz favorável ou desfavorável? Quem seriam “os que têm sérias dúvidas quanto às práticas da religião falsa ligadas a ele”? Não foi a STV neste artigo bem mais explícita e desfavorável sobre a piñata do que a Bíblia sobre as festas de aniversário? E muito embora a STV ache que a Bíblia “relata desfavoravelmente” as festas de aniversário, a verdade é que ela relata as duas celebrações de modo muito simples, sem aprová-las ou condená-las. Não apresentou a STV mais pontos negativos sobre a piñata do que a Bíblia sobre festas de aniversário? 
Apesar disso, numa declaração mais recente, veja como mudou o conceito da STV sobre a piñata. 
Despertai! 22 de setembro de 2003, páginas 23-24: 
Constatamos que para muitos no México a piñata perdeu seu significado religioso e que a maioria a considera apenas uma diversão inofensiva... Ao considerar se vai incluir uma piñata numa reunião social, o cristão deve ser sensível à consciência dos outros... A coisaimportante não é o que essa prática significava centenas de anos atrás, mas sim como é encarada hoje na sua região. Compreensivelmente, as opiniões variam de um lugar para outro. Assim, é sensato não criar caso por este motivo. 
Achamos até razoável o modo de pensar expresso acima. Infelizmente, ele se contradiz com a posição da STV quanto às festas de aniversário. Podemos hoje, parafraseando a própria declaração da STV na Despertai! 22/9/03, muito bem dizer: “Constatamos que para muitos no mundo a festa de aniversário perdeu seu significado religioso e que a maioria a considera apenas uma diversão inofensiva”. 
Muito interessante também é como a STV respondeu à pergunta de um leitor sobre como devem os cristãos considerar o uso de pedras da sorte em aneis. 
A Sentinela, 15 de novembro de 2003, p. 27: 
Um fator muito importante a se analisar é a motivação. Ao decidir se deve ou não usar um anel com uma pedra associada à data do seu nascimento, o cristão pode perguntar-se: “Quero usar esse anel só porque a pedra me agrada, embora ela também seja considerada pedra da sorte, ou deixei-me influenciar pelas idéias supersticiosas que certas pessoas atribuíram a pedras deste tipo?”... Ao decidir por si mesmo se deve ou não usar uma pedra relacionada com a data do seu nascimento, cada cristão deve analisar bem a sua motivação, e os possíveis efeitos dos seus atos sobre ele mesmo e sobre outros. 
“Decidir por si mesmo”. Assim, o uso destas pedras da sorte tornou-se questão de consciência, decisão pessoal. Observe como este raciocínio pode ser totalmente aplicado às festas de aniversário. Por que não pode o cristão analisar suamotivação quanto a uma festa de aniversário? Por que não pode o cristão, acerca da festa de aniversário, perguntar-se também? “Quero celebrar meu aniversário só porque quero alegrar-me com meus parentes e amigos, embora ele tenha tido uma origem pagã, ou deixei-me influenciar pelas idéias supersticiosas que certas pessoas atribuem a festas deste tipo?” 
Está muito claro, portanto, que a condenação das festas de aniversário é algo totalmente arbitrário por parte da STV, já que ela se mostra tão liberal quando trata de assuntos tais como a aliança de casamento, a piñata mexicana e o uso de aneis com pedras da sorte, todos tratados como questões de consciência individual. 
  
Os Detalhes das Festas de Aniversário 
  
A STV alista ainda a origem pagã de vários elementos das festas de aniversário. 
Raciocínios (1989) p. 38: 
 “Os vários costumes de celebração de aniversários natalícios das pessoas hoje em dia têm uma longa história. Suas origens acham-se no domínio da mágica e da religião. Os costumes de dar parabénsdar presentes e de celebração – com o requinte de velas acesas – nos tempos antigos eram para proteger o aniversariante de demônios e garantir segurança no ano vindouro... As velas de aniversário, na crença popular, são dotadas de magia especial para atender pedidos... Velas acesas e fogos sacrificiais têm um significado místico especial desde que o homem começou a erigir altares para seus deuses. As velas de aniversário são assim uma honra e um tributo à criança aniversariante etrazem boa sorte”. 
Dar parabéns – Isto em si, nada tem de errado. As pessoas são parabenizadas por diversos motivos, como casamento, nascimento de filhos, obtenção de um bom emprego ou de algum prêmio, etc. Até Testemunhas de Jeová são parabenizadas (além de entusiasticamente aplaudidas) quando recebem designações como anciãos, servos ministeriais e pioneiros ou pioneiras. Considera-se isso algo normal. Assim, desde que a ideia de parabenizar alguém por seu aniversário refira-se ao mero fato de que a pessoa completou mais um ano de vida (a vida longa é uma bênção) e não tenha nada a ver com nenhuma crença ou superstição pagã, que problema há? O mesmo pode se dizer com respeito a bater palmas. 
Dar presentes – A Bíblia também não condena o costume de dar presentes, evitadas também, as motivações erradas, como destacou a Sentinela 15 de novembro de 2003. 
Acender e apagar velas – Mais uma vez, tudo dependerá de como e por que a pessoa faz isso, da sua motivação, como Jacó e José no caso do embalsamamento de seus corpos. Eu, por exemplo, que tive várias festas de aniversário na infância antes de aderir à organização Torre de Vigia, sempre encarei as velinhas que apagava como representando o número de anos já vividos. Nunca ninguém me falou sobre proteção espiritual ou sobre fazer algum pedido. No entanto, é preciso deixar bem claro que outra pessoa pode reagir a isso de modo diferente. Alguém pode não conseguir encarar tais velinhas do bolo de modo isento e sentir que viola sua consciência. Neste caso, pode evitar as velinhas ou até mesmo, se for o caso, a própria celebração. 
  
Atenção Idólatra? 

Resta o argumento de que as festas de aniversário dão excessiva atenção a pessoas imperfeitas, como vimos antes no livro Conhecimento. 

A Escola e as Testemunhas de Jeová (1983), página 15: 
Além disso, os aniversários natalícios costumam dar importância excessiva à pessoa, o que foi, sem dúvida, um dos motivos de serem evitados pelos primitivos cristãos. (Eclesiastes 7:1) De modo que notará que as Testemunhas de Jeová não participam em festas de aniversários natalícios (na celebração, no cantar, nos presentes, e assim por diante). 

Observe que a citação não traz realmente nenhuma declaração bíblica contra a festa de aniversário, mas concentra-se numa mera opinião de que estas festas dão excessiva atenção a pessoas humanas, deixando implícita uma acusação de tendência idólatra. E até que ponto é "excessiva" a "importância" dada a alguém? Quem teria o direito de determinar isso? Não está isso diretamente relacionado ao apreço e ao carinho que se tem por alguém? Trata-se de algo muito relativo. É natural, por exemplo, que pais e mães deem muita importância aos filhos pequenos. Mas e se eles derem similar importância e mostrarem preocupação com outras crianças, alguns podem até achá-la excessiva, mas não é isto louvável segundo o princípio de Mateus 5:46-47? Apesar de usarem a expressão “sem dúvida”, trata-se apenas de uma opinião escrita por alguém, seres humanos que se acham autorizados a criar normas para que outros as obedeçam, mesmo que a Bíblia nada diga a respeito. 
Mas consideremos agora o que a Bíblia diz sobre atenção dada a seres humanos. 
A única coisa que só podemos render a Deus é adoração, devoção exclusiva (Êxodo 20:4). Podemos corretamente render homenagem (ou honra), atenção, amor e carinho a outros seres humanos. Veja os textos abaixo: 

Romanos 12:10: 
"Em amor fraternal, tende terna afeição uns para com os outros. Tomai a dianteira em DAR HONRA uns aos outros". 

Romanos 13:7: 
"Rendei a todos o que lhes é devido... a quem exigir HONRA, tal H0NRA". 

Mateus 2:11: 
"E, ao entrarem na casa, viram a criancinha com Maria, sua mãe, e prostrando-se, PRESTARAM-LHE HOMENAGEM". 

Lucas 24:52: 
"E prestaram-lhe HOMENAGEM e voltaram para Jerusalém com grande alegria". 

Revelação 3:9: 
"Eis que darei os da sinagoga de Satanás, que se dizem judeus, e que não são, mas estão mentindo - eis que os farei vir e prestar HOMENAGEM diante dos teus pés... [refere-se a um ser humano]." 

Honra ou homenagem, como vimos, pode ser corretamente prestada a seres humanos. Isto é o que se faz nas festas de aniversário. Ninguém supõe estar prestando adoração religiosa a ninguém numa festa de aniversário. Ninguém vai a uma festa de aniversário como quem vai a uma celebração religiosa. 
  
Contradição  

E o que são as festas de casamento entre as Testemunhas de Jeová? O que são as festas de despedidas de anciãos, pioneiros e outros que estão de mudança (tão comuns entre as TJs)? O que são as festas de bodas de papel, algodão, prata e ouro de casais Testemunhas? E as festas de formatura e “doutor do ABC” de jovens e crianças das Testemunhas? O que são todas estas senão ocasiões em que “pessoas imperfeitas” recebem "atenção especial", onde se come, bebe, canta, dança, onde se tiram fotografias, dão-se presentes e às vezes fazem-se até brincadeiras e discursos bem humorados, como nas festas de aniversário? Por que a STV não condena também tais celebrações que incluem tanta “atenção especial a pessoas imperfeitas”? Não constitui tudo isso uma grande incoerência, típica das normas humanas? 

A STV acha que não é por acaso que as duas únicas referências a aniversários na Bíblia sejam de pagãos e que duas pessoas tenham sido mortas durante a celebração. Ela acha que deste modo Deus expressa sua condenação. Isto, logicamente, é mera conjectura, como é conjectura também do livro Raciocíniosexplicar que condena festas de aniversário porque “tudo o que está na Bíblia tem uma razão de estar ali”. Pode-se muito bem igualmente afirmar que tudo o que está ausente da Bíblia tem uma razão de estar ausente, já que 1 Coríntios 4:6 declara: “Não vades além das coisas que estão escritas”. 

Poderíamos, em contrapartida, raciocinar que se não festejar aniversários fosse de fato uma questão tão crucial, tão importante aos olhos de Deus, se Ele visse isso como algo que faria a diferença entre a salvação eterna e a destruição eterna, não teria Jesus ou um dos escritores do texto grego da Bíblia, principalmente aqueles que escreveram aos cristãos de origem pagã (que outrora tinham celebrado aniversários) e aos que viriam no futuro, deixado uma clara proibição de tais festas, como acontece no caso da fornicação e do roubo, por exemplo? 

Nunca é demais lembrar que Charles Russell, fundador da Sociedade Torre de Vigia e da revista A Sentinela, tido em alto conceito pelas Testemunhas deJeová atuais, e que faleceu em 1916, jamais conheceu a proibição das festas de aniversário. Ele até participou delas, bem como outros de seus contemporâneos irmãos na fé. 

Anuário das Testemunhas de Jeová de 1976, página 147: 

CELEBRAÇÕES E FERIADOS 

“Em nossos congressos iniciais, no período entre as sessões à medida que os amigos conversavam”, escreve Anna E. Zimmerman, “talvez acontecesse que alguns amigos lhe passassem seu livro ‘Maná’ [Maná Celestial Diário Para a Família da ], pedindo que escrevesse seu nome e endereço em seu ‘maná’. Escrevia-se numa página em branco, do outro lado, a data de seu aniversário, e quando chegava seu aniversário, e liam o texto naquela manhã para aquele dia, talvez decidissem escrever-lhe um cartão postal ou uma carta, desejando-lhe feliz aniversário.” 

Sim, naqueles dias iniciais, os cristãos dedicados comemoravam aniversários. Bem, então, por que não celebrar o suposto aniversário de Jesus? Também fizeram isto por muitos anos. Nos dias do Pastor Russell, o Natal era celebrado na antiga Casa da Bíblia em Allegheny, Pensilvânia. Ora Sullivan Wakefield relembra que o irmão Russell dava aos membros da família da Casa da Bíblia moedas de ouro de cinco ou dez dólares no Natal. Mabel P. M. Philbrick observa: “Um costume que certamente não seria levado a efeito hoje em dia era celebrar o Natal com uma árvore de Natal no refeitório de Betel. O costumeiro ‘bom dia para todos’ do irmão Russell era mudado para ‘feliz Natal para todos’. 

A STV crê que Russell, como parte dos que ela chama de “ungidos”, está hoje no céu, usufruindo sua recompensa celestial. Se Deus realmente considera tão grave a celebração de aniversários, como foi possível que não tenha imputado a Russell falta tão grave? Russell teria sido então perdoado por este “pecado”? Por quê? Ou será que este “pecado” (que hoje pode causar expulsão da congregação) não era assim tão grave naquele tempo, mas hoje não tem perdão? Em que data exata (dia, mês, ano) passou a contar como séria transgressão? QUEM decidiu isso, já que a Bíblia nada diz a respeito? 

Como já dissemos, a Bíblia não manda nem condena que se comemorem aniversários. Se é assim, todo cristão deveria estar livre para decidir por si mesmo (como no caso da aliança, da piñata e das pedras da sorte) se participa ou não destas comemorações, como participa, o que inclui ou deixa de incluir nelas. Para não irmos “além das coisas que estão escritas” (1 Coríntios 4:6) não podemos condenar os que festejam aniversários e tampouco criticar os que não os comemoram. Todos deveriam respeitar as opiniões uns dos outros e deixar que Deus julgue a atitude de cada um.

Copyright © 2010 William Gadêlha



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